Tuesday, April 21, 2009

Primeiro-ministro entrevista Judite de Sousa e José Alberto Carvalho

O primeiro-ministro conduziu muito bem a entrevista feita a Judite de Sousa e a José Alberto Carvalho, no passado dia 21 de Abril, na RTP, no programa Especial Informação. De todas as perguntas feitas pelo primeiro-ministro e que ficaram por responder pelos entrevistados, por falta de espaço de resposta, é de destacar a seguinte: Não acham que o telejornal da TVI, às sextas-feiras à noite, é um jornal travestido?
Os entrevistados mais uma vez ficaram sem palavras e desta vez esquivaram-se à resposta da pergunta.
Nós concordamos com a abstenção dos entrevistados a tal resposta uma vez que a aplicação do botox da Manuela Moura Guedes nunca deveria ter sido para ali chamado pelo entrevistador, o Sr. José Sócrates. Consideramos mesmo de mau gosto tal pergunta.

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Tuesday, March 31, 2009

A Geração Wiki II

Consegue imaginar-se num mundo em que todas as pessoas têm acesso livre à soma de todo o conhecimento humano, à soma de todas as vontades, ideias e liberdades? Então, tão simples quanto imaginar será fazer parte da geração chamada de Wiki. Faz parte desta geração todo aquele que usa de ferramentas de colaboração disponibilizadas pela internet. Das diferentes ferramentas de colaboração conhecidas as apelidadas de “Comunidades virtuais” são as mais comummente usadas.
Comunidade, do ponto de vista sociológico, é um conjunto de pessoas com interesses mútuos que vivem no mesmo local e que se organizam dentro de um conjunto de normas. Ora, as comunidades que aparecem na internet disponíveis para esta geração removem a restrição “mesmo local” ou ampliam essa condição para o tamanho do planeta terra.
O meu amigo M, dos poucos amigos que tenho, apelida estas comunidades cibernautas de sítios de engate. Melhor, faz destas comunidades virtuais sítios de engate reais, de pesca ou caça, como ele mesmo diz. Quando lhe perguntei se tinha um tope 5 de preferências aprontou-se logo a responder sem papas na língua. Depois de uma análise a cada um dos itens deu para entender por que é que aquela lista tem tão estranha sequência.
O HI5.com, que o M caracteriza de muito generalista, descreve-se como a comunidade “do fica ligado”. Vende-se como uma óptima ferramenta para “procurar amigos, mostrar fotos, reencontrar antigos colegas de escola, construir páginas que expressem o que é importante para quem faz parte da rede”. Ora, procurar antigos colegas de escola e construir páginas expressivas é, para o M, para além de pouco viril, um jogo para meninos. Assim, esta comunidade aparece em quatro lugar no seu tope de ferramentas de engate. É quase uma ferramenta recurso porque o jogo dele não é a amizade. Para se conseguir pescar alguma coisa no HI5 perde-se muito tempo em cliques e escrituras.
O Netlog.com apresenta-se como “um portal social para mais de 30 milhões de jovens na Europa”. Jovens está mais no intervalo de pescas do meu amigo embora ele se alargue à meia-idade e vá mesmo, dependendo das circunstâncias, por aí acima. O netlog ocupa-lhe a terceira posição no seu entretenimento.
O Clube Amizade, “um site que lhe oferece a possibilidade de fazer novos amigos, encontrar e conhecer pessoas, encontrar um amor e muito mais”, aparece na sua lista de preferência muito bem classificado, claro!, não pela possibilidade de encontrar um amor mas pela abertura deixada pelas palavras “e muito mais”. Segundo lugar para este espaço. O clube amizade diz ainda que “foi criado com intenção de aproximar pessoas dos cinco Continentes”, claro, cinco apenas porque até hoje não se conhecem mais continentes habitados e com acesso à internet. Ao M não lhe interessa, obviamente, o quão cosmopolita é o espaço e muito menos ter que se deslocar centenas de kms para matar o vício, mas sim o quão fácil é desembaraçar-se no meio.
O Terravista.pt, é o espaço de predilecção do M. É ali que ele alimenta o ego. Vejamos porquê. É um “site de contactos para homens e mulheres que procuram novos amigos, companheiros, sexo e relações estáveis. Tudo 100% grátis”. Não deixa margens para dúvidas: Sexo e relações estáveis, grátis! Alguém pode, porventura, pedir mais? Claro que não. Agora repararem nos nomes das personalidades bem como na dispersão etária da caça que por lá se encontra a pastar logo na capa de tal comunidade virtual: Lola_24, 25 anos; Meninadocelx, 29 anos; Armo1980, 27 anos; Gata69, 19 anos; GatinhahKidah99, 23 anos; Butterfies, 26 anos. O Terravista, dispondo deste cardápio, arruma com qualquer outra comunidade e torna-se assim no paraíso dos caçadores.
Perguntei-lhe, só para fazer conversa, se os blogs não entravam no seu jogo. Disse-me que entravam mas muito pouco. Coloca-os em 5º lugar. As pessoas que escrevem blogs, com as suas manias da intelectualidade, deitam sempre tudo a perder e, no jogo da caça, não há brincadeiras, ou se caça ou se é caçado.

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Friday, October 24, 2008

Reduz as necessidades se queres passar bem

Agora estou desiludido com a lufthansa, é um facto. Se numa viagem quase me colocavam a pilotar o avião, nesta última nem um upgradezito me fizeram! Pior, com o seu Lounge em manutenção no aeroporto JFK em NY, propõem-nos uma espécie de alternativa asiática - Já nem sei o nome da companhia a que aquele Lounge de substituição pertence. Bem certo está o Jorge Palma quando canta: Reduz as necessidades se queres passar bem. Primeiro criaram-me a necessidade Lufthansa Lounge com muita comida da verdadeira disponível (Sandes para todos os gostos, sopas, legumes, saladas, doces, vinhos de todas as qualidades e feitios, etc), depois criaram-me a necessidade Primeira Classe. Nesta viagem não me satisfizeram nenhuma destas necessidades e eu passei mal como seria de antever. Não tive upgrade e fui como a sardinha na canastra. No Lounge asiático não temos comida, ou temos, mas não é comida para homem, é para rato. Alguém com mais de 1,5 metros de estatura consegue manter-se com bolachinhas, queijinhos e chazinhos? Valeu-se a garrafa de GIN que deixei meia. Por falar em necessidades, no Lounge asiático há a referir a seguinte preciosidade da electrónica de precisão: Uma sanita com aquecimento, jactos a água quente ou fria e muitos outros que eu nem tive coragem de experimentar por, como diz um amigo meu, beliscar a sensibilidade masculina.

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Thursday, October 09, 2008

A esgrima de classes

O gestor do projecto onde me encontro a trabalhar actualmente é uma interessante personagem. Como bom italiano trata as mulheres com nomeclaturas que mais ninguém ousa usar. Já ouvi um colega de trabalho referir-se à namorada como “a minha fêmea”, o que, sendo bastante mais forte e sem classe, fica ainda assim a léguas de distância quando analisamos a classificação, segmentação ou detalhe do dito gestor. Para termos uma comparação, o meu colega de trabalho dizia “a minha fêmea” e não ia mais além do que isso. Era sua fêmea mas não sabíamos mais nada. Nadinha. Ficava por ali. O meu gestor de projecto trata as mulheres pela bonita palavra de “território”. “Os meus territórios” que em inglês fica ainda mais bonito: My territory. “Be carefully, this is my territory”, diz ele, sempre que se aproxima alguém com mais alguns centímetros. Bem, o que é importante de referir na sua classificação é que ela não pára por aí! Dentro dos seus territórios há outros subgrupos de classificação e ordenação dos elementos. Por exemplo, ele ordena os seus “territórios” por nacionalidades, ou seja, “hoje estive com o meu território alemão; amanhã vou jantar com o meu território holandês isto se o meu território americano não perturbar”. Como tem que encarar a fatalidade técnica de ter vários territórios com a mesma nacionalidade deu-se ao trabalho de construir outro índice, este, como iremos ver, muito mais orientado à estrutura organizacional e empresarial. Assim, muitas vezes, para detalhar ao máximo as descrições que pretende fazer, diz, “o meu território nas Vendas ou o meu território dos Recursos Humanos”. Claro, como seria de esperar, as circunstâncias da vida muitas vezes conjugam-se de uma forma tão injusta e despropositada que o dito gestor tem que lidar com o problema (issue, no seu bom inglês: “Well gentlemen, we have an issue!”) que é ter vários territórios na mesma secção ou departamento. Assim, surge a subclasse que tomo a liberdade de baptizar de “física”, e passamos a ouvi-lo dizer “o meu território loiro; o meu território ruivo; o meu território dos olhos negros”. Muitas vezes, para não fiquem quaisquer dúvidas para quem o ouve, recorre a duas ou a três classes em simultâneo, e então passamos a ouvir “o meu território dos recursos humanos, a alemã, a do rabo grande!”, especifica.
Porque alguns dos seus territórios são mesmo horríveis, daqueles que ninguém lhes pega, e para que não se pense que ele é do tipo, como ele mesmo faz questão de evidenciar, “à noite todos os gatos são pardos”, decidiu criar mais uma classificação, esta de justificação, esclarecimento ou detalhe, para determinar o índole do território. Então ouvimos o gestor dizer “este não é um território sexual!”, ou no seu perfeito inglês, “come on guys, this is not a sexual territory!”. Para que se entenda o conceito, o gestor tem um território que trabalha na caixa da cantina da empresa. É mesmo feia a senhora! Ele diz que tem que a aceitar como território para conseguir colheres e garfos descartáveis grátis.
Então, pergunta-se, qual o segredo para tanta classificação neste simples Italiano?
Não há segredo ou, se o há, está apenas em ser natural, espontâneo e minimamente divertido!
Aqui fica um dicionário que ando a construir com base nos termos que tão divertida persona diariamente e naturalmente vai mencionando:
O que pretende dizer ----- O que costuma dizer:
Product hierarchy -------- Product Iraque
First of all ---------------- Festival
Cut-over ----------------- Kartofen
Travel plan -------------- Trouble plan
I have no clue ------------ I have no glue
E por aí fora!

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Monday, September 22, 2008

A geração Wiki I

Chama-se geração wiki a esta massa humana anónima, unida pelos mais diversos interesses, através das mais díspares aplicações, sempre na internet. Eu pertenço à geração wiki sempre que uso o Facebox, o MSN, o HI5, o My Space, o Youtube (o Youporn também!), a Wikipedia, etc. A interacção com este conjunto de aplicações com base WEB dá-me o direito de fazer parte desta geração cibernauta que partilha com o mundo inquietações, interesses, opiniões e saber. Segundo o The Sunday Times a “wikinomia é a nova força que junta pessoas na internet de modo a criar um cérebro gigantesco” (Ver o livro WIKONOMICS de Don Tapscott e Anthony D. Williams).

Bem, é sobre este cérebro gigante que gostaria de falar... Não será que estamos a construir em lugar de um cérebro um alho chocho gigante?

Vá-se lá saber porquê um amigo meu adicionou a Floribela como “amiga” na conhecida rede de amizade HI5.com. Fiquei curioso com tal facto que decidi clicar para ver o perfil da dita Floribela. Antes que tivesse tempo de ver tal perfil deu-me nas vistas que a Floribela tinha adicionado a Diana Chaves na sua rede de amigos uns dias antes. Passei imediatamente do perfil da Floribela para o Perfil da Diana apenas porque o “D” aparece primeiro no abecedário. Perdi meia hora da minha vida à volta daquele perfil (pior seria perder meses a ver as novelas em que a mesma participa, mas tudo bem) e meia dúzia de neurónio tentando encontrar, em vão, algum conhecimento que me desse alguma satisfação.
A Diana, sobre si, diz o seguinte: “Aquilo que pode ou nao estar a vista de todos! Paciente, bem humorada, leal, preguiçosa, resmungona, ambiciosa e positiva. Gosto de viver novas experiencias e de conhecer pessoas novas. A vida é um risco e eu estou disposta a corre-lo todos os dias, se isso contribuir para a minha felicidade e a de todos aqueles que realmente me interessam. O meu maior sonho é ser feliz e vou leva-lo a fundo nem que para isso tenha que me sacrificar ate ao fim!”
Se colocarem a pontuação onde ela falta chegam à mesma conclusão que eu: A Diana é uma pessoa perfeitamente normal que busca a felicidade como o seu maior sonho. Até aqui tudo bem. Qualquer pessoa quer ser feliz, não é assim?
A sua frase favorita é: "O medo e o mais ignorante, o mais injusto e o mais cruel dos conselheiros". Grande frase! Juro que até me vieram as lágrimas aos olhos! Normal. A Diana, pelo seu perfil, estava a entrar na minha lista de pessoas normalíssimas, não fosse o que eu vi depois… A Diana tem 11.679 amigos! Sim!, onze mil seiscentos e setenta e nove amigos. Isto é que é anormal. Ninguém tem tantos amigos nem mesmo na internet. Se este texto fosse lido pelos seus amigos tornar-se-ia num bestseller! Se cada um dos seus amigos lhe desse 5 euros, coisa perfeitamente normal entre amigos, a Diana passaria de um momento para o outro a ter 58.395 euros. Era uma ajudinha, não era?
Agora vejamos o que vai ser desta geração wiki. Imaginemos que a Diana vai dedicar um mísero dia da sua vida a cada um dos seus amigos. Eu sei que a um amigo tem que se dedicar tudo, mas façamos os cálculos a um mísero dia. Vamos pressupor ainda que a Diana usará de 4 dias por semana para os amigos e os restantes para as suas próprias tarefas diárias. Assim temos 4 dias x 52 semanas que dará 208 amigos por ano! Ora como ela tem 11.679 amigos, se dividirmos esse número por 208 temos qualquer coisa como 56 anos! A Diana precisará de 56 anos para recompensar tantas amizades. Isto sim, é obra!, isto sim é wiki!
Aqui fica o endereço da Diana (espero que não seja a verdadeira DI Chaves):
http://www.hi5.com/friend/profile/displayProfile.do?userid=246265372

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Thursday, September 04, 2008

O dominó é do Norte!

É do Norte o dominó!
O dominó jogado no norte tem regras próprias, cientificamente estudadas, para que os vencedores sejam realmente os melhores da mesa, do círculo, do espaço, não deixando espaço para dúvidas. É no norte, e só ali, que ele excede a categoria de jogo para passar mesmo a integrar a organização de uma tábua redonda, a formalidade de um workshoop, ou nível de retorno de uma sessão de brainstorming. Mesmo assim, e talvez porque a apologia nestes termos seria demasiado fácil, proponho-me fazer a descrição do dominó jogado no norte sem recorrer à comparação do mesmo praticado em outras zonas do país. Quando muito, e mais uma vez, porque descrição sem comparação alguma também é difícil demais (pelo menos para mim) e o segredo do bem-estar humano está na moderação, poderei comparar o jogo com outros jogos, a sua forma de jogar com a forma como se jogam outros jogos da mesma, digamos, sem me fazer espécie alguma, espécie.
O dominó, que nada tem a ver com sorte ou disposição astral e muito menos kármica mas com perspicácia e saber, não é para qualquer um. Exige, como poderei demonstrar mais adiante, capacidades de adivinhação ou o que os leigos costumam chamar de mediúnicas. O que quero dizer é que se a sorte poderia ser, como o é para a maioria dos jogos ordinários, o seu primeiro elemento para o sucesso, aqui, esse factor é aniquilado pelas capacidades, para quem não aceita as descrições e formalizações protagonizadas pela parapsicologia, mediúnicas dos interlocutores. Será ainda propósito deste rascunho evidenciar a sensibilidade artística, muitas vezes naïve, destes senhores nortenhos e jogadores do dominó.
O jogo inicia-se com as peças do dominó voltadas com a face para baixo e, logo aí, enquanto o adversário as baralha, ou pensa que as baralha baralhando-se apenas, já o jogador do norte está a antever como elas se irão dispor na mesa. Melhor!, com um rasgo de olhos (este é o sinal que melhor mostra a inconsciência a tornar-se consciente), o Nortenho dita não só a forma como o seu interlocutor as vai baralhar com também aquelas que o mesmo irá posteriormente escolher. Não vale a pena, para quem está do lado de lá, para quem não é do norte, pensar muito e olhar para as pedras, tirar e retirar, porque todas elas lhe são predestinadas por forças do seu adversário. Poderia alegar-se que o jogo está viciado à partida mas tal argumento não é válido pois, como já referi, estas capacidades de influenciação e de predestinação são exigidas a quem se atreve a jogar dominó no norte de Portugal.
O segredo está em saber influenciar o adversário sobre quais as peças que ele terá de jogar para que as nossas pedras se encaixem perfeitamente, isto é, com o maior número de pontos possível. Basta olhar para o nortenho enquanto ele olha nos olhos do adversário e internamente vai ordenando com força “joga o terno e cenas! joga o terno e cenas para eu fazer 15 pontos colocando o meu rêbo de cenas!”. Por falar em rêbo, os ingleses chamam a uma pedra dupla de ases, de duques, de ternos, de quadras, etc, de double! Uma facilidade! A palavra rêbo exige muito mais de nós, não é verdade? Para além do beicinho simples que a palavra “double” nos exige a mesma parece que começa e acaba sem ficar no ar. “Ora passa-me aí o rêbo de quinas!” dá um aspecto muito mais sólido ao jogo. É de macho. Parece que andam a arrastar penedos pela mesa. Ao contrário, a palavra “double” torna o dominó numa espécie de jogo gasificado.
Ora, se no que às capacidades de predição e de direcção, tenho dito, em relação à(s) obra(s) de arte que o jogo encerra há ainda tudo por dizer… O assentar das pedras de dominó sobre a mesa é em si um puro acto de arte. No final do jogo temos uma disposição de pedras sobre a mesa com beleza só conseguida por Picasso e outros nos seus melhores trabalhos. Aquilo não é só colocar pedras umas à frente das outras. Estilo e bom gosto são essenciais. É preciso saber quando fazer uma linha recta ou quando quebrar a mesma linha voltando à direita ou à esquerda para criar um aparente desequilibro, todo equilibrado no seu final. O próprio registar das marcações ou pontos no branco do papel, à base de cruzes e meias cruzes - cruzes!, como se houvesse meias cruzes – é pura obra de arte. Uma cruz das grandes com cruzes pequenas em cada um dos seus ângulos perfaz um total de 50 pontos, esse padrão repetido a esferográfica azul até encher uma folha A4, transforma a contagem no mais belo dos azulejos. Um conjunto dessas folhas de contagem transforma-se num grandioso painel de azulejos. Por tudo isto, e só por isto, é que o jogo do dominó é coisa do norte de Portugal.

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Thursday, August 28, 2008

Lufthansa: De Económica a Primeira classe

(Escusado será dizer que é este tipo de estratégia que torna a Lufthansa numa das melhores companhias aéreas do mundo)

Na primeira classe temos, claro, e à semelhança do que acontece na classe business, ou, em bom português, executiva, se semelhança fosse o termo correcto, o estojo de higiene. A questão é que os estojos da primeira classe são duros, produzidos pela Rimowa, aquele marca de malas de viagem caríssima, sabem? Dentro do estojo vem, como no miserável estojo da executiva, para além da pasta e da escova dos dentes, uma calçadeira para os sapatos, um pente quase de marfim, um moisture (não sei como se diz em português porque não tenho por hábito usar estas pomadas) para aplicar nos lábios, tampões para os ouvidos e, a tradicional venda para os olhos só que vamos lá ver, o elástico é tão grosso que dá para fazer fisgas para ir aos pássaros. É importante referir esta diferença no elástico porque esta venda almofadada encaixa que nem uma luva, não sai dos olhos nem por nada, nem magoa um bocadinho.
Aparte: Neste momento o avião está a mover-se para levantar voo e ninguém me veio chatear para desligar o computador. Claro… não me vou fazer rogado e vou mesmo permanecer com ele ligado. Afinal isto dos equipamentos electrónicos é um mito, não? O cinto, também ninguém mo pediu para apertar, vá-se lá saber porquê… isto é um mundo à parte!
Bem, continuando… Para além do tradicional estojo, coisa de pobre, na primeira classe é ainda oferecido, vamos por parte, um outro estojo com um par de meias e uns chinelos de quarto, fabulosos, e…
Acabam de me perguntar se não me importo de desligar o computador e, como é óbvio, depois do que escrevi até aqui, de me estragarem este excelente texto. Já volto…
O espaço é muito mais arejado do que a área executiva, apercebi-me depois da demonstração de segurança personalizada apresentada pela hospedeira. Só para termos uma ideia, em primeira classe existem 8 lugares apenas, cada lugar tem direito a 4 janelas. Dá quase para um homem de 3 metros, mais ou menos. Neste voo viajo eu e mais 5 pessoas em primeira classe. Têm todos aspecto de alemães. Eu sou, não tanto quanto antes, orgulhosamente tuga. Continuando com a descrição do espaço, e como comecei por dizer, apercebi-me do quão arejado era depois da hospedeira demonstrar como cairiam as máscaras de oxigénio em caso de acidente. Olhei para tecto do avião e, ainda mantenho os mesmos receios, duvido que haja cabo de ar que chegue de lá de cima cá baixo.
Acabam de me entregar um guardanapo quente para limpar as mãos, como acontece na executiva. Apenas um pormenor a realçar, na executiva o guardanapo não vem com uma folha de rosa vermelha num pires melhor do que a colecção vista alegre que algumas pessoas ostentam em suas casas. Aproveito também para dar a minha opinião estética sobre tal apresentação: O vermelho da pétala de rosa sobre o pires de puro branco dão uma classe extrema a todo o evento.
Logo de seguida entregam-me 2 menus, um dos vinhos e outro dos comes e bebes em três idiomas. Não vou entrar em muitos detalhes porque não quero perder nada do que passei, por intervenção sabe-se lá do quê, a ter direito. Da longa lista de vinhos onde não aparece um português, ao contrário da executiva onde às vezes somos presenteados com um bom vinho do Alentejo, escolho, para começar, um champagne rosé “Curvée Paradis Rosé, Champagne Alfred Gratien, Frankreich”. Correcção mesmo em cima do acontecimento do dado anterior: o champagne, afinal - também me podem estar a enganar, é uma verdade -, não é rosé, é branco e saboroso. Interrompo aqui a descrição para ter uma conversa com o comissário de bordo mor que me pretende explicar as diferenças entre as primeira classe e classe executiva. Já volto…
Para que se saiba, e porque fiquei agora também a saber, as principais diferenças podem ser resumidas da seguinte forma:
A primeira classe funciona como um restaurante onde podemos pedir e indicar as horas a que queremos ser servidos; Claro que a na executiva não servem caviar como entrada; Teoricamente, a lista de vinhos deveria ser melhor do que em executiva, o que discordo uma vez que falta aqui o vinho português; A cama, ou, mais correctamente, o assento, estica completamente tornando-se numa verdadeira cama; Basicamente, e para resumir as diferenças, a flexibilidade total está disponível para o cliente.
Agora que já inicio a janta posso também dizer que a mesa é mesmo uma mesa. A comida é mesmo servida como no restaurante, não vem em tabuleiros, e pormenor, temos direito a uma rosa vermelha como qualquer bom restaurante alemão costuma ter. Falta a vela acesa por motivos que são óbvios. Só nesta área temos 4 hospedeiras. Como já referi, viajamos 6 pessoas em primeira classe. Como sempre, toca-me a hospedeira mais velha e mais feia, pormenor. Outro aparte, estou a comer caviar e nem sei por onde começar. Já volto…
Já de papinho cheio e com o computador ligado à corrente eléctrica… A cozinheira é mesmo a mais bonita das hospedeiras. Tem os seus 45 anos numa cara bonita porque simétrica. É loira. Sobre a mesa tenho um saleiro e um pimenteiro que, se não houvessem coisas mais interessantes para se levar, iriam parar à minha cozinha.
Não me perdendo na descrição inicial que antecedeu toda esta série de apartes, e porque o champagne está a dar-me uma soneira, para além dos estojos referidos, há um que é o supra-sumo dos estojos: Um pijama completo só realizável nas melhores confecções portuguesas. É isto que vou levar para casa não levando os olhos da cozinheira.
Estou a ficar um pouco enjoado. Deve ser do champagne. Espero não vomitar. Vou dormir. Vou dormir com a ideia fixa de que se um dia for presidente de junta ou de outra instituição qualquer, será uma viagem destas que oferecerei aos meus conterrâneos. O livro “Antes que os demónios voltem”, de Óscar Quevedo, vai ter que esperar para outras viagens. São 2:10 em Portugal e 10:10 em New York. Para que se reconheça a minha empresa pagou-me uma viagem em económica. Eu estou a escrever na primeira classe… só possível nas grandes companhias como a Lufthansa.

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Friday, June 27, 2008

Chincalhão, Malha, Fito!

Já aqui falei do chincalhão, do fito, da malha, denominação dependente da zona onde é praticado, enaltecendo-o (o jogo), em comparação com a pétanque. É triste mas só se consegue enaltecer por comparação!
Nos dias seguintes ao fim-de-semana do S. João, de 23 para 24 de Junho, numa festinha privada, tive a oportunidade de rever as regras deste jogo de machos:
- 4 malhas, 4 pessoas, dois mecos (na sua versão gay, demonimada de pétanque, os mecos têm o nome de marcadores);
- Um jogador de cada equipe posicionada perto de cada uma dos mecos, ou marcadores, se quisermos fazer a comparação com a versão gayzola do jogo - A Pétanca –, tem que arremessar a malha de forma a espatifar o Meco todo. Beem... não posso deixar que a emoção torne este texto parcial e tendencioso. Assim, refazendo a sentença anterior, o jogador só tem que derrubar o Meco, objectivando, para além disso, deixar o ferro ou a malha o mais junto possível do marcador;
- As malhas têm ranhuras diferentes para serem facilmente distinguidas no escuro que alguns copos de vinho tinto verde podem provocar. É claro que na versão boióla do jogo não há escuro, só há a claridade da limonada com açúcar.
- Os jogadores arremessam as malhar, cada um na sua vez, intercalados, e então temos a seguinte sopa de pontos possível:
- Malha no Meco: 2 pontos
- Segunda malha no Meco: mais 2 pontos;
- A malha mais perto do marcador conta mais um ponto;
- A segunda malha mais perto do marcador, sendo do mesmo jogador da malha mais perto do marcador, conta mais um ponto.
Resumindo - um jogo que não é para meninos, como a caca da Pétanque, necessita sempre de um resumo claro e conciso -, um jogador, durante uma simples jogada, pode fazer 6 pontos;
O jogo mia aos 15 pontos, que é como quem diz, a cada 15 pontos é dado aos mais fraquinhos, que ainda assim estão a uns milhões de léguas dos rotos da pétanque, a oportunidade de mudarem o marcador para um terreno que lhes é mais favorável.
O jogo acaba aos 30 tentos. Tente dizer trinta tentos após trinta copos de tinto seguidinhos e verá quantas tentativas, perícia, perspicácia, inteligência, elegância, charme, desenvoltura, força, garra, paixão, espiritualidade, crença, enfim, tomates!, exige o jogo da malha, chincalhão ou fito, dependendo das zonas, obviamente.
Eu, prefiro uma malha que me rache a uma bola que me acerte. O jogo da malha é do caraças!

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Thursday, June 05, 2008

Vai um empurrãozinho?


Esta foto traduz por completo a realidade portuguesa: 10 milhões de portugueses a empurrarem a Galp e a selecção portuguesa para o sucesso... financeiro! Ambos precisam de uma energia extra nos seus cofres.

Se repararem no anúncio nenhum deles se digna a sair do autocarro e a vir dar uma mãozinha.


Normalmente, quando um carro avaria, o seu condutor para além de mendigar um empurrãozinho, põe uma perna fora e outra dentro, uma mão no volante e outra agarrada a chaparia do veículo e dá o exemplo! E empurra. E transpira. E salta para dentro do carro em andamento engatando a segunda velocidade e forçando o arranque. Tem mérito, engenho e arte.

O anúncio da Galp não tem arte nem engenho nem mérito, tem pinta!: Não há forma mais directa de nos chamarem otários.

Espero, sinceramente, que a selecção Nacional consiga, pelo menos, triunfar no Euro 2008.

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Sunday, May 18, 2008

Uma Sanita na Relação

“Porque vocês salpicam tudo quando fazem xixi e depois fica a sanita toda amarela, e com a tampa da sanita aberta notam-se as manchas da urina!”. Ah!, então é uma questão de higiene ou de estética aparente?, pergunto, sempre que as minhas relações chegam a este ponto quase sem retorno. E continuo, Se urinarmos com a base fechada também fica salpicada e aí será ainda pior. É que salpicar salpica sempre, não há que lhe fazer, e se salpicos amarelos na sanita é estética, na base é higiene, não? Não!, dizem-me elas quase desistindo, A ideia é levantar a tampa, fazer o pipi e fechar a tampa novamente...
A partir do momento em que passei à minha parte consciente que o que realmente distingue os homens das mulheres é somente a capacidade que os primeiros têm, e os segundos não, de urinar em pé, que venho sendo repreendido, em vários momentos, em todas as relações que ao longo da vida vou construindo. Começou por ser a minha mãe, a mais condescendente das mulheres, a dizer-me para baixar sempre o tampo da sanita. A mim e a todos os meus irmãos. De tantas vezes que nos teve que repreender que, a partir de certa altura, e como seria esperado a qualquer ser razoável, desistiu.
Ora vamos lá ver: A base e tampa da sanita têm apenas dois estados – Levantado ou Pousado – por que diabo é que o seu estado, em tempos de não utilização, tem que ser pousado? É que a questão estética, de uso recorrente, não é argumento pois eu, eu pelo menos, não vejo estética em sanita alguma. Depois, se as nossas caras metade pretendem um efeito estético por que não colocam um ramo de flores lá dentro dando-nos, uma vez mais, razão para que o estado normal do tampo e base seja “L-e-v-a-n-t-a-d-o”?! Nós poderíamos simplesmente não levantar a base e salpicar sem escrúpulos não acautelando a higiene dos utilizadores seguintes, elas! É por isso que digo que este acto altruísta de levantar tampo e base da sanita não está a ser convenientemente reconhecido pelas nossas mulheres!
Urinar, para um homem, é muito mais que a satisfação de uma necessidade biológica, é um momento de reflexão, é quase uma meditação, é uma ausência de pensamento. Quando se urina, e sempre que a ergonomia e a arquitectura da casa de banho o permitem, apoia-se o braço na parede e sobre ele a cabeça, e pensa-se, ou não se pensa nem se ora, medita-se. Este ritual não se compadece com preciosismos finais de baixar tampos e outras mariquices. Como se esta justificação para-psicossomática não justificasse tudo por si só, há mulheres que argumentam com o árduo trabalho extra que têm em baixar sempre a base de cada vez que vão utilizar a casinha. Façamos um acordo: Vocês usam a sanita e deixam o tampo levantado; Nós passaremos a usar a sanita que tem o tampo levantado e baixaremos o tampo quando a usarmos. Há que repartir a carga de trabalhos!
Convém referir, não apenas para argumentar que nós os homens somos os grandes prejudicados nestas questões Levantado/Pousado, mas, acima de tudo, para demonstrar que urinar de pé não é assim um mundo de coisas só boas, que há bases que não se seguram levantadas e então é uma autêntica acrobacia um acto que à partida a natureza concebeu simples: Uma mão a segurar no tampo, outra a orientar o líquido, as pernas meio abertas para não deixarem que as calças desçam totalmente e, quando estamos numa daquelas casas de banho públicas sem fechadura, ainda usamos de um dos calcanhares para travar a porta. Isto não é brincadeira nenhuma! Meninas, nem experimentem sequer fazer isso em casa!

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Monday, April 07, 2008

Animais de trazer por casa

Hoje vive-se nas cidades, mais rapidamente. É mais cómodo, ninguém prescinde da TV cabo do cafezinho e pastelinho ali à mão, do quiosque com a revista Maria sempre disponível ou a Playboy exibindo regalados seios. É basicamente mais fácil, prático e simples. No meio desta facilidade toda há, no entanto, quem ouse adoptar costumes mais ligados àqueles que, como eu, vivem na pasmaceira do campo…
A grande maioria das pessoas que vou conhecendo usam prender animais nos seus apartamentos. E ele há-os para todos os gostos e combinações!, desde periquitos a cães, de ratos a sardaniscas. Eu, que nutro especial simpatia por animais, não concebo que o seu espaço de liberdade não seja a natureza mas o 11º esquerdo, trás.
De todos os cenários disponíveis, o que mais me traumatiza é a tipologia T1 + Gato. É que os cabrões dos gatos têm poder de análise! Têm ar de quem está ali a tirar notas, a tomar conta das ocorrências. “Ora bem, entrou no apartamento à 1:35 da manhã, do fuso horário Greenwich Mean Time, note-se! Vestia ganga da cinta para baixo e calçava uns sapatos em bico, pretos. Da cinta para cima para além do pullover de padrões suaves, trazia um blazer escuro, qual ganster italiano de meia-idade”. “Depois”, continua, “Entrou no quarto 33 segundos depois, 1:35:33, portanto, passando o interlocutor a ficar fora do meu raio de observação durante uma hora 16 minutos e 3 segundos, no entanto posso reportar ruídos muito estranhos vindo do seu interior”, e por aí fora. Eu, no que me toca, não confio nadinha nem em gatos nem em nenhum dos seres que se dedicam às análises, como psicólogas, videntes e bruxas.
A tipologia Duplex + Cão, muito encontrada na habitação portuguesa, é mais aceitável, no entanto, é ainda menos praticável que a tipologia referida anteriormente. Um cão é muito mais frontal e menos formal. Uma pessoa entra no apartamento e vê logo se o cão gosta ou não de nós. Basta olhar-lhe nos olhos para nos apercebermos se estamos ou não a arriscar uma mordidela. As motivações dos cães são tão límpidas como a água de uma nascente. Não estando ali para reportar ocorrências são, contudo, uns seres relaxados em demasia: Não se coíbem a se largarem imputando as culpas às visitas da casa.
O aquário está para o T0 como o aeroporto estaria para a OTA: É meter um mar de água numa caixinha. Quando os peixinhos estão em casa de amigos meus fujo logo! Peixinhos são coisas de senhora. Trazem ainda mais tranquilidade do que um São Bernardo num duplex. Assim, “T0 + Aquário” é recomendável e só aceitável quando enquadrado com uma biotipologia “Morena + 27 anos”.
Ainda na área Enjaulados há a versão canários e outros bichos pequenos e com asas, são os T0 + Pássaro ou Passarinha. Os pássaros não fazem bolinhas mas criam muito mais barulho e lixo que os peixinhos dentro de aquariozinhos. São uma versão mais masculina e barulhenta de T0 ou Forrinhos + Aquário, no entanto, tal combinação deixa-me ainda assim ficar com um pé ou os dois atrás quando nessa tipologia de habitação não encontro no mínimo uma Loira + 28 anos.
Os Papagaios, que não fazem fretes como os canários, são uma espécie de gatos sem disfarce. São o Sherlock Holmes sem jaqueta nem lupa. Depois os papagaios têm um ponto a favor que é não se movimentarem livremente pela casa. Têm por norma uma corrente atada a uma das patas, o que dá aos visitantes uma certa sensação de tranquilidade. É claro que os papagaios cometem inconfidências que os gatos não podem cometer - nunca vi gato algum chamar-me por Joaquim ao entrar nestas habitações – mas, com aquela corrente não corremos pelo menos o risco corrente de sermos arranhados pelas costas.

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Wednesday, February 13, 2008

Dialectos

Parece que a regra agora manda que se substituam os éses (S) pelos xis (X), os kapas (K) pelos quês de quá-quás (Q); que a palavra “que” seja totalmente substituída pela sílaba “ki”; e que os éres (R) só existam quando a sua exclusão cause complicação para a interpretação da palavra, enfim, parece que às vezes há éres outras vezes não; etc.
Tudo isto se passa no início do século XXI, num país chamado Portugal, numa geração muito abaixo daquela a que chamavam rasca. Vamos lá interpretar este texto que apanhei no HI5.com, uma das maiores redes de interrelacionamento, em que uma amiga escreve a outra, tratando-a por mana, a dizer-lhe o quanto gosta dela. Reparem como a idiota começa bem – parExe – dando um erro logo na primeira palavra daquele dialecto. É que, e seguindo a regra descrita acima, a palavra “parece” seria para ela no Português como ainda o conhecemos, mas que desaparecerá muito mais rápido do que desapareceram os dinossauros da terra, “parese”!

“parExe ki Estou a vIver um peSadelO......em pimeiro lugar kiate pedIr desculPa pOr nao te teR ditO maiS ceDo kI ia saIr du kulegIo maS eu tiVe medU dE te magUar...i vI ki fix maL descUlpa....... Em segundu kiate dizer........ki ..........te adoro muito mas muIto meSmo...i ki.........sempe guztei de tI mas agora e ki notO kI INda gozto maIs...inda so paSsaram doIs dIas i ja estou com saUdadeS tuaS.... “

O mesmo acontece com a palavra “fiz” que, seguindo-se a regra da energúmena de trocar os éses pelos xis, daria “fis” no fora de moda idioma português.

“*sauudades dakeles momentos..de rIr
* saudade de sorRir kuntigo
*saudadis di dixkutir
*saudadis do teu abraço=)
* sadadis dos teus boliscoes..l0ol
* saudadis desse teu feitio
*saudadis de TI...... “


Saudade da minha professora da quarta classe que me rebentava as mãos à reguada sempre que eu errava. Saudade dos puxões de orelhas aplicados no momento certo. Foram esses que me fizeram crescer. No meio de tanta saudade desta imbecil apenas uma vez “saudade” foi escrito correctamente.

“resumindo e iSso kI tenhO...sSaudadIs tuaS....tu nao imagInas u kuanto te adoro...........a klpada ki me xinto.....por ter reprovadu..........i pensar ki neste momento inda pudiamos estar juntas.....perdoame tudu...ki fis...........todaS aS mInhAS atItudeS......todaS as vezeS kI te magOei.......”

Ainda há esperança para este ser! Por um lado sabe que um bom texto deve encerrar resumindo o que se pretendia dizer quando não se conseguiu dizer coisa alguma, por outro lado este espécime reprovou, o que prova que a sua professora de Português teve pelo menos o discernimento de saber que este energúmeno deveria ficar na escola toda a vida, assim como numa espécie de prisão perpétua.

“eu nao façO poR maL, sOu meZmo aSsim...... “

É mesmo assim… Burrinha! Burrinha como a gente gosta!

“SsabeZ??eu Acho kI naO voU agUentar...eU tenhU tantaS mas tanTas SsaudadIs tu nao eS tas beM a veR.....poRki e Ki iSto tInha de Akunteçer????lOgo agOra estavAmos meZmo ganDes amigaS...........nUnka penSEi ki fosse sufrer tanto......asseriu....
bem nao t massacro mais so te keru dizer mais uma vez ki te ADORO I VAIS SER SEMPE MINHA MANA SEMPE...... 33....BJUZ..... “


Que remédio. É que em coisas de sangue ninguém pode mexer. Passando um amigo a mano fica o assunto encerrado: É de sangue, não há que lhe fazer! Não duvido é que aquela irmã vá querer fugir depois de ler uma mensagem como esta.

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Wednesday, January 23, 2008

Rabih Abou-Khalil / Joachim Kuhn Trio

A programação do CCVF é elitista.
É cara quando analisada bem do interior das bolsas dos portugueses e, particularmente, dos vimaranenses.
É claro que terem uma programação que se apresenta cara ao público não a torna, por si só, elitista. É também evidente que por mais que se reconheça o elitismo congénito dos vimaranenses, principal público daquela instituição, esse elitismo não transforma, de igual forma, a programação do CCVF em elitista.
É um conjunto de factores que (não esquecer as propriedades sistémicas dos conjuntos), incluindo nele os acima referidos, tornam a sua programação dirigida fatalmente a uma minoria favorecida (os da elite). Pode não ser nada consciente mas há um conjunto de símbolos, estilos e condutas que me levam sentir e a ver a sua programação como elitista.
Então quem é esta minoria de pessoas favorecidas pela programação do CCVF?

São os empregados da câmara e suas redes, porque:

1. Têm acesso a bilhetes de graça.
2. O acesso a bilhetes de graça para uma minoria considerável encarece os bilhetes para a maioria não considerada nessa graça.

Rabih Abou-khalil foi excelente: Ele, o pianista alemão, Joachim Kühn, que segundo Rabih tocava aquele instrumento fácil de teclas brancas e pretas, “preto e branco para ser fácil” dizia-nos com piada num português espanholado, e o percussionista americano Jarrod Cagwin fizeram um espectáculo excelente. Eu gostei do espectáculo mesmo rodeado daquele ambiente elitista. Tive pena de não conseguir tirar uma única foto (há um vigia em cada canto da sala a encarecer os bilhetes)... talvez por não ser reconhecido nessa rede de redes que fazem o elitismo daquele espaço.




A foto que apresento em baixo ninguém ma pôde proibir. Foi na entrada para o parque de estacionamento, no elevador... Porque lá fora, lá fora apenas, todas as elites se desvanecem e perdem a consistência.


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